Sylvio Andraus

Sylvio Andraus Jr

O mercado de óleo e gás no Brasil, com a ausência de investimentos na ampliação da capacidade de refino, está concentrado na exploração e no aumento da produção do petróleo, sendo que uma parte significativa está na produção operada nos campos do pré-sal, localizados nas bacias de Santos e de Campos.

O pré-sal é portanto uma realidade brasileira e o mercado de óleo e gás está muito voltado para a sua exploração, tanto é que em 2016, a produção alcançou 2,4 milhões de bpd, dos quais quase 1,3 milhão de barris foram retirados do pré-sal.

Por outro lado, a entrada da camada do pré-sal na carteira exploratória da Petrobras, fez o custo de extração de óleo cair gradativamente desde 2014, que era da ordem de US$ 14,6 por barril e em dezembro de 2016, baixou para cerca de US$ 11 e a tendência é continuar caindo, segundo a diretoria de Produção e Exploração da empresa.

Com essa perspectiva, o mercado brasileiro de óleo e gás volta gradativamente a investir em projetos de exploração e produção no segmento offshore, e agora mais notadamente na modalidade de contratação por afretamento de plataformas do tipo FPSO (Floating Production Storage and Offloading), algumas unidades como estas que já operam e outras em fase de testes para começar a produzir em 2017, sendo que novos projetos foram lançados no Brasil com início de execução previstos para este ano.

Esse novo olhar sobre o mercado abre um leque de possibilidades para as empresas detentoras de alto conhecimento tecnológico como a SUEZ, especialmente porque hoje a Petrobras tem sócios, como a francesa Total, cliente com o qual temos uma longa história de parceria e que também devem investir na exploração e na produção de petróleo.

Dentre os sistemas auxiliares que compõe as FPSOs para o processo de produção de petróleo, estão as unidades de tratamento de água e de gases, e a SUEZ tem expertise técnica e está capacitada para atender às demandas relacionadas a estas unidades.

No caso do tratamento de águas, temos tido boas experiências e referências importantes de fornecimento, tanto de unidades de osmose reversa para produção de água de diluição do óleo (remoção de sais do óleo cru), como de sistemas de remoção de sulfatos de bário e estrôncio para água de injeção nos poços de petróleo, de modo a evitar as precipitações que geram tais sulfatos e que são incrustantes dos poços e respectivas tubulações.

O novo momento deste mercado, onde os custos cada vez mais precisam ser reduzidos com soluções otimizadas, abriu uma nova perspectiva de prestação de serviços no segmento offshore, como por exemplo, o fornecimento de plantas compactas de tratamento de água do mar para consumo humano nas plataformas. Exemplo foi a recente contratação da SUEZ pela Petrobras para a instalação e o operação de plantas de dessalinização de água em 11 plataformas na Bacia de Campos.

Esse fato nos leva a crer que cada vez mais os operadores passam a se concentrar nos seus negócios alvo – “core bussiness”, transferindo para prestadores especializados de soluções e serviços, as atividades meio e que suportam a operação principal, possibilitando assim a maior participação do mercado que gira em torno dessas empresas e dando oportunidades para o uso de novas tecnologias. Na SUEZ, por exemplo, temos um aplicativo que consegue monitorar a vida útil de uma membrana, item principal dos tratamentos para água de injeção e diluição do óleo cru, transmitindo uma maior segurança para a equipe de operação do cliente e que reflete em economia substancial para as rotinas de manutenção e plano de troca destas membranas.

A produção do petróleo onshore também está abrindo oportunidades para serviços de operação e manutenção nos sistemas de tratamento de gás e água produzida, realizados por terceiros e mais atualmente em modalidades de contratação, que podemos considerar como inovadoras no mercado, atrelados a projetos de financiamento, do tipo BOT/BOO.

Outras novas oportunidades podem ser consideradas e entre elas as atividades de descomissionamento de plataformas ofshore, que estão em fim de ciclo operacional, onde há sistemas e equipamentos que já atingiram a sua vida útil e portanto carecem de empresas especializadas para atuar na desmontagem destes itens.

No campo de atuação do óleo e gás, seja no segmento upstream ou dowstream, companhias como a SUEZ têm capacidade técnica e de execução em reabilitar, reformar e ampliar sistemas de tratamento de águas, de efluentes, separação e recuperação de óleo, entre outros.

Com relação aos resíduos, por exemplo, a gestão dos metálicos gerados nas diversas atividades nos estaleiros navais, também é um nicho com potencial a ser explorado. Ou seja, uma empresa como a Suez que possui a experiência aliada à capacidade de propor um vasto portifólio em soluções integradas no campo ambiental, têm todos os atributos para ser um verdadeiro parceiro das companhias de petróleo.

* Sylvio Andraus Jr é diretor comercial e de execução da Suez Brasil para o mercado industrial. Tecnólogo em obras hidráulicas, formado pela FATEC de São Paulo, tem MBA em gestão empresarial pela FGV. Atua no mercado de saneamento ambiental há 30 anos, tendo trabalhado em empresas como Figueiredo Ferraz, Hidrobrasileira, Cosipa/Usiminas, Degrémont e Mya