Finalistas do Prêmio Claudia, as estudantes de engenharia gaúchas Samantha Karpe e Letícia Camargo Padilha, inventoras da liga de pavimento Poliway, concorrem à 21ª edição na categoria Revelação. Desde 1996 destacando mulheres empenhadas em encontrar soluções para os mais variados problemas da nossa sociedade, o Prêmio CLAUDIA é a maior premiação feminina da América Latina, e visa destacar, em sete categorias, mulheres competentes, talentosas, inovadoras e dedicadas à construção de um Brasil melhor.
Adriana e Rozimere concorrem, respectivamente, nas categorias Ciências e Consultora Natura – a marca é patrocinadora da iniciativa. As ganhadoras serão definidas pela avaliação do júri, dividido em um grupo de notáveis e um grupo de representantes da Editora Abril, e pela votação popular no site www.premioclaudia.com.br. Cada um dos grupos tem peso igual na decisão final — por isso, a participação do público pelo voto online será fundamental para se chegar às vencedoras do 21º Prêmio Claudia.
Samantha e Letícia criaram o Poliway ainda em 2013. A ideia nasceu como um projeto de pesquisa quando cursavam o Ensino Médio e o Curso Técnico de Mecânica na Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, em Novo Hamburgo (RS). O objetivo era buscar garantir um trânsito mais seguro e confiável nas cidades brasileiras melhorando as péssimas condições de asfaltamento encontradas aqui – utilizando para isso soluções sustentáveis. O Poliway é resultado da fusão de brita (a base de qualquer asfalto) com componentes encontrados em plástico reciclado que dispensam o uso do piche.
Samantha conta que parte da motivação para desenvolver o projeto tem origem em uma experiência pessoal. “Perdi um avô em um acidente de carro, e eu e minha irmã mais nova, quando pequenas, também fomos vítimas de uma colisão grave. Quase morremos”, conta Samantha, que até hoje tem cacos de vidro do para-brisas sob o couro cabeludo.
Nos testes de laboratório, o produto sofreu um terço da deformação do asfalto comum e aguentou cargas cinco vezes mais pesadas. Além disso, a fabricação da invenção das meninas seria até 16% mais barata e ainda incentivaria o reaproveitamento de embalagens descartáveis. A dupla recorda que o processo de desenvolvimento de um material de revestimento sem uso de piche foi alvo de chacota. “É como fazer arroz sem colocar água na panela”, disse certa vez o funcionário da fabricante de pavimentos que cedeu espaço e maquinário para que elas fizessem suas experiências.
O esforço deu resultado. No mesmo ano, foram à Turquia apresentar o Poliway na Mostratec, uma das maiores feiras de ciência do mundo. No ano passado, participaram do Braskem Labs, programa de mentoria fruto de parceria entre a indústria química Braskem e a organização de apoio ao empreendedorismo Endeavour.
Agora, elas esperam a formalização da patente para começar a aceitar as diversas propostas de investimento que não param de chegar.
A cerimônia de entrega dos troféus do 21º Prêmio Claudia acontece na noite de 4 de outubro em São Paulo, no Teatro Santander.